Juiz de Fora na década de 60: Marcada pelo Golpe Militar e pela contracultura
- Amanda Andrade
- 10 de nov. de 2016
- 2 min de leitura
Em 1966, em meio a ditadura militar, se confirmava um movimento de contracultura em Juiz de Fora. Enquanto os militares se preocupavam com as manifestações e protestos, a esquerda da cidade - principalmente através do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e da classe acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora - se movimentava e organizava o “I Festival de Cinema Brasileiro de Juiz de Fora”. De acordo com o Jornalista Décio Lopes, foi o primeiro festival de cinema no Brasil. O Festival aconteceu nas datas de 28 a 31 de maio de 1966 e foi amplamente coberto pelo Diário Mercantil, um dos impressos de maior circulação da época na cidade. No ano seguinte, em 1967, acontece sua segunda edição. As duas então consagram novos estilos estéticos como o Cinema novo, tendo Glauber Rocha como um de seus principais nomes, e também o Cinema marginal.
Com os decretos e atos institucionais de 1968, principalmente o AI-5, que instaura a censura, o cinema sofre um paradoxo. Algumas produções são amplamente financiadas pelas estatais e outras, de cunho político e inovador, são amplamente censuradas e com isso, procuram outros meios para serem veiculadas.
Devido à diminuição da produção de certos filmes e também do público pagante, os cinemas de rua vão fechando um por um. Os cinemas de bairro são os primeiros a serem atingidos pela baixa do cinema nacional e pela onda de filmes do gênero “Pornochanchada” - filmes de baixo custo de produção e teor erótico, foram uma febre no final da década de 70 e início década de 80. Alguns que resistiram se tornaram cinemas eróticos, como o Cine São Luiz na Praça da Estação, outros surgem nessa nova tendência de mercado como o Cine Vip, na Rua Francisco Bernardino.
Com a crescente onda de Shoppings a partir dos anos 90 e o surgimento dos conglomerados multinacionais de salas de cinema na cidade, de todos os cinemas de rua, foram aos poucos fechando. Somente o Cine Palace ainda resiste, mas mesmo assim em 2015 o imóvel que abriga o cinema foi a leilão por dívidas fiscais.
A história do cinema se funde com a história da cidade: deixam marcas em sua arquitetura, paisagem e o no imaginário coletivo de uma geração que convivia, se relacionava, pensava e criava em uma das diversas salas de exibição da Rua Halfeld. Mas que aos poucos se perderam e se tornaram esquecidas, deixando a sensação de que todo o pioneirismo da cidade foi deixado para trás no tempo.
Comentários